Por Alisson Maia
No Brasil, é comum ver pais querendo assumir a responsabilidade de ensinar seus filhos a dirigir. Essa prática, muitas vezes motivada por um desejo de transmitir conhecimento e confiança, pode parecer um rito de passagem natural e até uma forma de estreitar laços familiares. No entanto, essa tradição carrega consigo riscos significativos, tanto do ponto de vista da segurança quanto do legal, e deve ser cuidadosamente reconsiderada à luz da importância da formação profissional em uma autoescola.
A autoescola é uma instituição fundamental no processo de formação de novos motoristas. Seu papel vai muito além de ensinar a operar um veículo; trata-se de preparar o futuro condutor para enfrentar diversas situações no trânsito com responsabilidade, conhecimento técnico e respeito às normas de circulação. Os instrutores de autoescola são profissionais capacitados que seguem uma metodologia estruturada, garantindo que o aprendiz compreenda e internalize não só as regras de trânsito, mas também a importância de uma condução defensiva e consciente.
Além disso, o currículo das autoescolas inclui conhecimentos teóricos e práticos indispensáveis para a formação de um bom condutor. Desde a mecânica básica dos veículos até os primeiros socorros e a legislação de trânsito, esses conhecimentos são essenciais para preparar o motorista para lidar com situações de emergência e tomar decisões seguras ao volante.
Embora a intenção dos pais seja, na maioria das vezes, positiva, ensinar a dirigir sem a devida preparação e sem o suporte de um profissional pode resultar em uma formação inadequada. Pais que ensinam seus filhos a dirigir geralmente não possuem o treinamento específico necessário para transmitir as habilidades e os conhecimentos de forma completa e correta. Isso pode levar à incorporação de maus hábitos, falta de atenção a detalhes cruciais e uma compreensão superficial das leis de trânsito.
Outro ponto importante é a segurança. Ensinar a dirigir envolve colocar o aprendiz em situações potencialmente perigosas, e sem o preparo adequado, o risco de acidentes aumenta consideravelmente. Profissionais de autoescola estão treinados para identificar e corrigir erros em tempo real, minimizando os riscos durante as aulas práticas.
No Brasil, a legislação é clara quanto à necessidade de que o processo de habilitação ocorra em conformidade com as normas estabelecidas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). De acordo com o artigo 309 do CTB, conduzir veículo automotor sem a devida habilitação ou permissão para dirigir é uma infração gravíssima, punível com multa e apreensão do veículo. Quando pais permitem que seus filhos dirijam sem carteira, mesmo que apenas para “praticar”, estão infringindo a lei e colocando-se em risco de responsabilidade legal.
Além disso, o artigo 310 do CTB estipula que permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada também é uma infração grave. Os pais podem, portanto, ser responsabilizados não apenas por negligência, mas também por incentivar a prática ilegal de dirigir sem habilitação.
Embora a prática de pais ensinarem seus filhos a dirigir seja parte de uma tradição familiar para muitos, é crucial reconhecer os riscos e as responsabilidades envolvidos. A formação profissional em uma autoescola não só prepara o novo condutor de maneira adequada e segura, como também garante o cumprimento das normas legais, contribuindo para um trânsito mais seguro e consciente para todos.
Por mais tentador que seja seguir a tradição, a decisão de inscrever o filho em uma autoescola é a escolha mais responsável e segura. Ela assegura que o futuro motorista estará bem preparado para enfrentar os desafios do trânsito, minimizando riscos e promovendo um ambiente mais seguro para todos.